As habilidades para futuro e a influência na política
O mundo acelera mais e mais todos os dias. A tecnologia, com a evolução frenética da inteligência artificial, tem sido assimilada aos poucos, embora ainda assuste - inclusive os especialistas. E dentro desse cenário ganhou força o debate sobre as habilidades para o futuro, pautadas pela simbiose humano-tecnologia.
Como base para elucidar o assunto, evocaremos o livro da futurista Martha Gabriel, “A (r)evolução das habilidades para o futuro do trabalho na era da inteligência artificial”.
Ela já inicia a obra com uma premissa que muda muito a forma de pensar: “Conforme a tecnologia evolui, o desafio de se adaptar para o futuro do trabalho não está nas profissões do futuro, mas nas tarefas das profissões do presente. Em outras palavras, a questão das habilidades para o futuro não é sobre novas profissões, é sobre novos profissionais”, prescreve a pesquisadora.
Martha Gabriel entende que o problema não está na tecnologia em si, mas na falta de adaptabilidade às reestruturações que ela provoca.
Por exemplo, é muito difícil desapegar de uma capacidade técnica adquirida após anos de estudo, agora executada em segundos por um robô. Mas pode ser um processo necessário - e talvez vantajoso: afinal, é possível criar com mais estratégia e menos esforço operacional; mais habilidades humanas comportamentais e menos hard skills.
Influência na política
A comunicação política entra perfeitamente nessa lógica. Muitos processos podem ser agilizados e automatizados com a integração de inteligências artificiais. É possível criar assistentes e agentes para coletar e-mails, em IAs como o Perplexity; assistentes e agentes para escrever roteiros e copywritings, em plataformas como Claude, ChatGPT e Gemini.
É possível idealizar sites e prototipar projetos em ferramentas como Lovable e Hostinger Horizons. Ou ainda parar de sofrer com calendários editoriais sobre os dias comemorativos intermináveis: a IA te entrega tudo, bem como imagens, programações complexas e por aí vai.
Nada disso, obviamente - ou nem tão óbvio assim -, funciona muito bem sem o seu repertório intelectual. Para ter os melhores resultados, é preciso fazer as melhores perguntas e orientações. É aqui que o jogo começa.
As habilidades para o futuro
Quais seriam, então, essas tais habilidades que podem tornar o profissional preparado para os desafios destes tempos?
Segundo Martha Gabriel, a mãe de todas elas é o pensamento crítico, por meio do qual nós tomamos decisões e agimos conforme avaliamos e interpretamos o mundo.
A futurista explica que essa base “determina quais habilidades precisamos usar e desenvolver, que tecnologias são mais adequadas, como elaborar e com quem”, e assim por diante. Por meio do pensamento crítico, nós vamos questionar para validar opiniões e crenças. Vamos superar vieses cognitivos, aprimorar a capacidade de argumentação e persuasão, calibrar nosso repertório cultural e balizar nossos valores e atitudes.
Já o pensamento sistêmico compreende as relações dos elementos em um sistema, identifica padrões e tendências, analisa impactos a longo prazo.
A alfabetização tecnológica, por sua vez, precisa ser constante. O aprendizado deve ser conquistado e atualizado com a ideia de funcionar como extensão do nosso cérebro.
A criatividade, claro, é usada para imaginar e criar. Um prompt bem-elaborado, ora, depende do valor cognitivo da criatividade da intenção.
Como já indicamos no início do artigo, adaptabilidade e flexibilidade são outros dois comportamentos do futuro. O primeiro diz respeito à capacidade de se adaptar a mudanças, enquanto o segundo ajusta “pensamentos, comportamentos e ações”.
Mais uma habilidade imprescindível é a colaboração. Diante da complexidade deste momento, bombardeado com informação, conhecimento e tecnologias, alerta Martha Gabriel, “soluções baseadas em hierarquias de comando tendem a não mais funcionar, requerendo colaboração e distribuição de poder para dar resultados”.
Resiliência. Enfrentar, superar dificuldades e crescer com a experiência também fazem parte das habilidades para o futuro. Assim como a comunicação, que conecta e potencializa toda essa cadeia comportamental dos novos tempos.
Martha Gabriel ainda acrescenta a necessidade de estruturar nosso letramento em futuros, alcançando níveis estratégicos de visão, planejamento e execução.